Escrito por Uriah Smith

Apêndice 2, da edição de 1897 do livro Daniel e Apocalipse

AS “SETE VEZES” DE LEVÍTICO 26

Quase todo o esquema do “Plano das Eras,” “Eras por vir,” etc., faz uso de um suposto período profético chamado “As Sete Vezes”, e a tentativa é feita para compreender um notável cumprimento de eventos na história Judaica e Gentílica. Todos estes especuladores podem poupar suas dores, pois não há tal período profético na Bíblia.

O termo é tirado de Levítico 26, onde o Senhor pronuncia julgamentos contra os Judeus, se eles O abandonarem. Depois de mencionar uma longa lista de calamidades até o verso 17, o Senhor diz: “E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então eu prosseguirei a castigar-vos sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.” (Verso 18). Os Versos 19 e 20 enumeram os julgamentos adicionais e, então, é adicionado no verso 21: “E se andardes contrariamente para comigo, e não me quiserdes ouvir, trar-vos-ei pragas sete vezes mais, conforme os vossos pecados”. Mais julgamentos são enumerados e, então, nos versos 23 e 24 a ameaça é repetida: “Se ainda com estas coisas não vos corrigirdes voltando para mim, mas ainda andardes contrariamente para comigo, eu também andarei contrariamente para convosco, e eu, eu mesmo, vos ferirei sete vezes mais por causa dos vossos pecados.” No verso 28 isto é repetido novamente.

Assim a expressão ocorre quatro vezes, e cada menção sucessiva traz à vista mais severas punições, porque os precedentes não foram ouvidos. Agora, se “sete vezes” denotar um período profético (2520 anos), então nós teríamos quatro deles, somando um total de 10.080 anos, o que seria um longo período de tempo para manter uma nação sob castigo.

Mas nós não precisamos nos preocupar por conta disto, pois a expressão “sete vezes” não denota um período de duração, e sim, simplesmente, um advérbio expressando gradação e mostrando a severidade dos julgamentos a serem trazidos sobre Israel.

Se denotasse um período de tempo, um substantivo e um adjetivo deveriam ser usados, como em Daniel 4:16: “e passem sobre ele sete tempos”. Aqui temos um substantivo (tempos) e um adjetivo (sete): assim, shibah iddan; mas nas passagens citadas acima, de Levítico 26, as palavras “sete vezes” são simplesmente o advérbio (sheba), que significa “sete vezes”. A Septuaginta faz a mesma distinção, usando em Daniel 4:16 um substantivo e um adjetivo, mas em Levítico simplesmente o advérbio.

A expressão em Daniel 4:16 não é profética, pois é usada em uma narração simples e literal. (Ver verso 25).

NOTA: Urias Smith foi um dos pioneiros adventistas que esteve envolvido no Movimento Milerita. Ele viu e estudou aqueles diagramas iniciais apresentados em 1843 e 1850. É óbvio que, depois de um estudo adicional, rejeitou a ideia de que havia uma profecia de tempo em Levítico 26, assim como Tiago White; e pela presença de um artigo na Review (periódico) de 1864 refutando a profecia dos 2520, nossos primeiros pioneiros rejeitaram-na como uma profecia válida.